quarta-feira, 29 de abril de 2009

Amar é fácil...

ela estava com seus fios encaracolados, cintilantes e dourados encantadoramente soltos. estava acompanhada daquele seu vestido de boneca com algumas flores, num misto de tons que combinavam com aquele profundo verde de seus olhos e com o azul cristalino dos olhos dele.
sentados estavam e ele esperava que ela se despedisse com aquele doce tocar de lábio em pele, como sempre fizera, mas desta vez seria diferente. a moça com sorriso doce pela primeira vez o olhava verdadeiramente. pela primeira vez parecia que ela o deixaria mergulhar no que lhe era mais profundo. pela primeira vez ela o enxergaria como quem por ela sente.
ele antes já havia tentado encontrar a pureza da alma daquela doce, mas ela era relutante e parecia até mesmo amedrontada. ele sabia que o nome daquilo que o movia era paixão, por ela, e disse-lhe isso...mas nem mesmo a pequena conseguia entender porque tantas vezes olhava e não o via.
como havia prometido ele apenas a deixou em casa e para apenas poder desfrutar de sua companhia não mais tocaria no assunto 'eles'. para sua estranheza dessa vez quem começaria o assunto seria ela e quem lhe deixaria com a face corada ainda seria ela. ela disse coisas que lhe calaram a boca e despertaram o coração. como que por um milagre ela decidiu que retribuiria seu apreço...e deu-lhe um beijo. deu-lhe um beijo e quando terminou lhe sorriu da maneira mais meiga que ele poderia esperar. quando terminou ele sentiu que a alma lhe havia sido beijada. abraçou aqueles melosos lábios novamente e lhe sorriu de volta. desta vez além de um doce sorriso conseguiu dela um olhar. hipnotizaram-se, decidiram-se: eternizariam-se.
R.R.
29/04/09

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Talvez mais uma, talvez a última.

não queria ser eu a dizer isto, mas ao mesmo tempo não desejo que outras bocas pronunciem o que diz respeito só a mim. não quero que sejam outras bocas a lhe dizer o que inflama esse peito, não quero que sejam outras bocas a lhe dizer que olhos choram, não quero que sejam outras bocas a lhe comunicar: desisti.


desisti de achar que amanhã vai ser um dia mais bonito, que alguma coisa individual pode mudar ai, e que o sorriso pode passar a ter gosto de amanhecer. desisti de tentar encontrar na alma uma essência que nem tem mais cheiro de cristal; ou as vezes o aroma ainda exista, mas está em tantos pedaços quanto esse cristal.......ou quanto a alma. desisti de balançar as mãos acompanhadas, sem medo de que as paredes ouçam até o som que a brisa do balanço deste nosso nó faz. desisti de tenta fazer sorrir olhos que só querem chorar. desisti de tentar fazer enxergar um cego. desisti de levantar alguém que nem se conhece. desisti de acordar e esperar um bom dia, de sair e querer escutar um 'não vai' e de voltar e continuar tudo com estava. desisti de me conformar com tudo como estava. desisti de me conformar. desistir de persistir. desisti de dizer que não desistiria. desisti de buscar o caminho difícil. desisti de achar que era errado desistir, até pq já vi desistirem tantas vezes, o que me custa desistir um pouco?

desisti de encarar os fatos como incertos, de encontrar neles uma dúvida, de ter esperança. desisti de ver o que queria ver e passei a ver apenas o que é. desisti de fazer de conta. desisti de tentar não falhar, de ser humana, de corrigir erros e até de acertar. desisti de tentar juntar pedaços da foto rasgada, afinal ela já foi rasgada. desisti da inocência. desisti da mudança. desisti da covardia. desisti do desespero, das falhas, da perfeição. eu apenas, desisti.
desisti de esperar um abraço. desisti de querer. desisti de sentir saudade. desisti de sentir.


que alguns chamem minha desistência de covardia.
que alguns chamem minha desistência de fraqueza.
que alguns chamem minha desistência de desabafo.
que outros a chamem de mais uma.

desisti também de alguns...
e de outros.
R.R.
18/04/09

segunda-feira, 13 de abril de 2009

e eu que aprendi a chorar menos, a ser menos sensível e a deixar de sentir dor. tantas vezes disse não ser capaz de fazer auto-reconhecimento, e nunca houve alguém que me desse razão.

era menina de choro fácil, de coração mole, de dores frágeis e de inconstância sentimental. era sonho em essência, era certeza de alcançar o desejado. era menina capaz de correr atrás de estrela cadente. era: verbo ser,2ª conjugação, na primeira pessoa do singular do pretérito perfeito. simplesmente era, e isso era a satisfação por completo.

parece que a gente cresce e se amargura. pra uns pode parecer escolha, pra outros nem tanto. o fato é que a vida vai levando a gente, e quando a gente se vê já não sabe se é quem os outros acreditam que nós somos, ou se somos quem desejam que sejamos. e talvez nem possamos ser mais quem queremos ser. a gente vai deixando de ser a gente, deixando de ser gente, e acaba se transformando naquele bando de qualquer gente que antes achava qualquer coisa a nosso respeito. no fim a gente acaba nem sabendo quem quer ser, ou se, de fato, somos ou deixamos de ser.

talvez não tenha ainda um choro difícil, mas aprendeu como sufocá-lo. talvez sinta vontade de chorar, mas as lágrimas lhe faltem. talvez o desabafo daquele peito ardido que antes saia pelo soluço tenha se transformado num silêncio calado. e talvez porque desaprendeu a chorar vive triste a sofrer. o coração já não sofre com pena de si mesmo, e menos ainda pena alheia. coração metade pedra, metade gente. talvez a dor tenha se feito pedra...e o coração mais duro ainda. talvez a essência ainda exista, mas deixou de ser essência. sonho deixou de ser vital e passou a ser normal. as certezas são mais incertas do que nunca e corres atrás de estrelas hoje é apenas coisa de menina.

era..........um pretérito que talvez nem seja tão perfeito assim.

R.R.
13/04/09

quinta-feira, 2 de abril de 2009

tempo

saudade de um jeito de não fazer nada. saudade de um jeito bobo de brincar. saudade de um filme horrivel. saudade de um ponto fraco. saudade de observar enquanto passava os olhos pelas letras. saudade do sorriso timido quando se viu observado. saudade daquele elogio. saudade daquela inocencia. saudade da confiança. saudade do abraço dizendo aquilo que a boca calava. saudade do choro angustiado. saudade do choro sem graça. saudade do colo aconchegante. saudade do carinho bom. saudade do soninho bom. saudade de dizer boa noite. saudade de andar e mãos dadas. saudade de um amor diferente. saudade dos sonhos. saudade das palavras doces. saudade das danças. saudade de flutuar nos braços. saudade de ouvir falar da estrela cadente. saudade dos segredos. saudade do que a madrugada fez revelar. saudade do beijo. saudade dos planos compartilhados. saudade de um companheirismo sem limite. saudade do cavalheirismo. saudade do cheiro bom. saudade do acolhimento. saudade das pernas bambas. saudade de sentir um aperto de mão. saudade de tirar o peso das costas. saudade de um coração quente. saudade de uma blusa quente. saudade do menino da blusa vermelha.

saudade,

R.R.
02/04/09