segunda-feira, 8 de junho de 2009

Singularidade

Seis. Seis bilhões. Eis o número estimado de pessoas que vivem nesse mundo.

São seis bilhões de rostos diferentes, seis bilhões de sorrisos. Seis bilhões de desejos, vontades, aspirações. Seis bilhões de corações pulsando, respirações ofegantes, calmas, sinceras, levianas. Seis bilhões de vidas solitárias, em família, amadas, desprezadas, ingnoradas. São seis bilhões de almas.

São seis bilhões de seres humanos no mundo e eu não conheço nem 1% disso tudo. Como eu posso ser capaz de escolher uma pessoa só, em meio a esse mar de gente, pra me fazer feliz "pro resto do meu hoje"? Bilhões de trejeitos distintos, de gênios únicos e de almas interessantes a solta por todos os lados, e ter que escolher um só gosto pra amar? Envolver-se com esse e não com aquele significaria uma vida segura, com uma família linda e um ótimo emprego, numa casa branca de jardim florido. Ou quem sabe eu não vá gostar de um pouco de insegurança, saudade da família e um emprego que paga mal, mas que é a verdadeira paixão da minha vida? Onde será que o amor escolheria pra se esconder tendo seis bilhões de opções completamente diferentes?

Cada uma dessas almas deve ter a sua história, e sendo bastante realista, nós dois morreremos sem conhecer sequer a metade dessas histórias. São médicos, psicólogos, dentistas, advogados, oceanógrafos, porteiros e ainda restam aqueles profissionais adeptos do que meu amigo google chama de 'profissões estranhas'. Morreremos sem talvez ter a chance de conhecer um "expert em cheiro de carro novo", uma "carpideira" ou um "treinador de pombo-correio"!

Pensando sempre nas outras 5.999.999.999 é que a gente acaba se esquecendo de prestar atenção na única pessoa em meio a esses bilhões que realmente guarda os segredos dos quais a gente precisa saber. Você esbarra com aquele homem de uns 10 anos a mais que você no balcão da padaria, que sorri de um maneira única pra você, e acaba nem se dando conta e que talvez fosse só aquele sorriso o capaz de te contar os segredos que você precisa saber. Descendo pelo elevador do prédio entra aquele bonitão que sempre passeou pelos seus sonhos. Durante a descida entra aquele seu feinho 'amigo' de infância que sempre foi apaixonado por você, mas de tanto prestar atenção no bonitão você nem se da conta de que ele está ali...afinal, ele SEMPRE está ali, não é mesmo?

Dentre esses bilhões você vai conhecer(se é que já não conheceu) aquela pessoa que vai responder as suas perguntas antes mesmo de você fazê-las. Você vai encontrar aquele que te beija da maneira que você gosta, mas que tem a mania que mais te irrita. Você vai dar de cara com aquele que tem o coração mais lindo do mundo, mas o rosto nem tanto. Você vai achar a pessoa que ri das suas trapalhadas, que se atrapalha com você, que sabe como conseguir tudo de você, que sabe como negar as coisas a você e que sabe quando dizer sim. Você vai encontrar aquele que só de estar perto da vontade de dar beijo, tapa, abraço, aperto de mão, cafuné, mordida, carinho...tudo isso de uma vez só! Vai achar o dono das borboletas no seu estômago, o dono do seu sorriso, o dono do carinho mais gostoso. Vai conhecer aquele que se encaixa direitinho nos seus braços. Nesse mar de gente você vai encontrar aquele que sabe todos os seus detalhes, manias e suspiros. Você vai acabar enxergando que todos esses são um só. E é ai que você ser capaz de encontrar a sua própria alma no meio de tantos bilhões.

No final das contas você vai perceber que o coração que o amor escolheu pra se esconder era o seu, que a alma que você tanto procurava entre a 'população mundial' apareceu quando você deixou de procurar...ou que as vezes ela era o amigo feinho do elevador e você insistia tanto nos bonitões.

08/06/09