quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Mistério ao vento

~*Limpar o armário sempre tem das suas né? E não é que eu achei um caderno velho?...
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Finalmente me entendi. Calculei perfeitamente a causa de tamanha fixação.

Surpreendentemente me peguei lembrando de um abraço apertado em que meus dedos não conseguiam deixar a sua nuca, meu rosto o aconchego do seu pescoço e meu coração o calor do seu peito. Seus braços não conseguiam parar de envolver minha cintura, seus beijos não deixavam meu pescoço; enquanto seu próprio pescoço não parava de querer o arrepio causado pela minha conversa mansa.

Seus dedos dançavam como pincéis pelo decote que deixava a mostra, até o limite, todo o meu dorso. Dançavam como quem deseja pintar o mundo em pele tão iluminada. Pintavam como quem quer emoldurar aquela tela e pendurá-la no salão principal de um castelo, afim de acaricia-la sempre. As mãos se prendiam a cintura, como a criança faz com o presente que acabou de ganhar...agarra e aperta contra o peito com medo de que alguém lhe leve tamanha satisfação. Com a doçura de quem colhe uma flor recostou teu rosto no meu até chegar ao sorriso mais verdadeiro com que já fui capaz de lhe presentear. Uma das mãos deixou dorso, cintura, pele e se encaixou entre bochechas, orelha e pescoço me fazendo fechar os olhos e me permitindo desejar nunca sair dali.

Mas de repente um vento soprou e meu corpo todo se encheu de frio. Meus dedos se fizeram estáticos sem seus pedidos de carinho para atender. Minha respiração cessou. Se não era para lhe fazer estremecer ela preferiu se esconder. O coração congelou por outro peito não se importar mais em aquecê-lo. Vi seus braços, antes eufóricos, agora quietos, calmos, desapegados. Vi seus lábios secos, calados e solitários. Vi seus dedos fazendo companhia ao meu lugar preferido, te fazendo parecer angustiado; meu lugar gritava não querer aquele companhia, mas você era insistente. Meu lugar transpirava saudade e necessidade...de mim. Meus dedos transpiravam necessidade da sua nuca, meu rosto tranpirava necessidade de aconchego e meu coração tranpirava necessidade do seu calor.

O vento frio soprou você para longe de mim. E foi esse o motivo de tanta fixação. Sempre quis aquilo que me foge ao alcance das mãos, voar mais alto que o céu ou simplesmente querer o que não me queria. O vento fez de você o meu mistério.

Mal sabia ele o quanto eu te leio bem.

R.R.
29/03/09