sábado, 3 de janeiro de 2009

auditório.

APLAUSOS. e assim vejo aquela placa luminosa ordenar pra grande platéia da vida. APLAUSOS. o assim vejo a grande multidão seguindo a ordem que vem de não sei quem, e fazendo mesmo assim, só porque o indivíduo da cadeira ao lado fez também. APLAUSOS.
R.R.
04/01/09

B(b)ela A(a)dormecida

adormeceu ali, com expressão dura na face. olhos irritados por um choro triste, rosto molhado por algo que não era água e lábios pintados por algo que não era rouge, não era tinta e mais parecia reflexo de dor intensa. tinha um riso contido enquanto sonhava, riso que nem parecia riso de tão contido que parecia. as mãos, fechadas, pareciam segurar forte alguma coisa, mas sei que nada seguravam. sei que aquelas mãos se fechavam apenas porque só tinham a si msm pra se segurar. a respiração, até mesmo quando lenta, era cansada. nem mesmo quando dava seus suspiros mais profundos parecia aliviada. inspirava seus dilemas, e nem quando soltava o ar parecia que conseguia se desfazer dos mesmos. pobre dela, menina moça da pele clara como o dia, de cabelos negros como a noite e de sonhos profundos como um mar turbulento. adormeceu ali de cansaço. adormeceu ali não porque seu físico a levou a exaustão, mas porque sua mente a torturava. menina que pede pra dormir. menina que dormiu porque desaprendeu a sonhar acordada. menina que o mundo desiludiu. menina que dá graças, simplesmente porque apesar de não saber mais sonhar depois que acorda, ainda sabe dormir.
R.R.
03/12/09